segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Pensando bem, eu pequei! - 2ª Parte.


Eu fui separado da minha terra, da minha parentela e da casa dos meus pais por ordem de Deus. Recebi a instrução para partir para uma terra que eu não conhecia. Parti! As garantias da parte do Senhor eram maravilhosas: eu seria transformado em uma grande nação, eu seria abençoado e o meu nome seria engrandecido. Além disso, a bênção do Senhor se estenderia, através de mim, a todas as famílias da terra e a todos os que me abençoassem. Por outro lado a garantia da presença e da proteção de Deus para comigo era tão real que qualquer um que me maltratasse ou me amaldiçoasse receberia o mesmo nas suas costas. Eu tinha setenta e cinco anos. Recebi duas ordens: partir. Parti imediatamente! E, ser uma bênção! Por que demorei nessa segunda? Eu fiquei inseguro, não consegui depender de Deus, não entendia a diferença entre crer e acreditar em Deus. Quando veio a fome precisei descer ao Egito para conseguir comida. Pensei na minha proteção e não me importei com a da mulher! Pedi-lhe que dissesse ser minha irmã. Com isso trouxe maldição para o Egito. Deus puniu a casa de Faraó com grandes pragas. A mesma situação se repetiu na terra de Gerar. Fiquei com medo, duvidei, não consegui depender de Deus, não consegui ser bênção. Pensando bem, eu pequei!

Quanto tempo é necessário para um homem ser transformado? Que mudanças precisam acontecer? Deus fez uma aliança comigo. Acabara de prometer que a minha posteridade seria como as estrelas do céu. Que o meu herdeiro seria gerado de mim e da minha mulher. Uma primeira mudança foi mudar o meu nome e o da minha mulher. Deus disse que eu seria, naquela idade, cem anos, minha mulher com noventa anos, pai de uma multidão. Sabe o que fizemos? Minha mulher e eu rimos! Seria zombaria? Mentimos dizendo: não rimos. A verdade não habitava em nós! Eu recebera uma ordem para ser perfeito, para andar na presença do Senhor. Eu não conseguia! Ele afirmou: riram! Como é difícil crer, depender, doar! Na nossa condição de idade avançada era impossível aos nossos olhos ver acontecer o prometido. Minha mulher perdeu as esperanças, me ofertou sua empregada. Eu não hesitei! Aproveitei a oferta! Era legal! Mas, era justo? Era esse o caminho a trilhar para me tornar pai de uma multidão? O que eu fiz gerou desdém, discórdia, inveja, desrespeito, amargura, ira, ódio, perseguição. Não tive coragem de falar com a minha mulher que não era essa a promessa e que não era esse o plano do Senhor. Pensando bem, eu pequei!

Eu ri do Senhor Deus, de sua promessa, eu olhei para a minha condição e para a condição do meu marido. Eu não cri que Deus era capaz de me transformar. Ri, zombei, duvidei! Parti para a resolução da situação ao meu modo. Ofertei a minha empregada ao meu marido. Insisti com ele. Não era possível esperar mais. Ouvira de Deus que nada lhe é impossível. Mas eu não via a possibilidade. Fui desprezada e desprezei. O ódio, a ira, a amargura, a inveja, se tornou uma constante no meu lar que se desmoronava cada vez mais. Agredi a meu marido, agredi a minha serva, achei melhor expulsá-la junto com o filho. Exigi que meu marido os expulsassem. Isso lhe doeu muito. Era seu filho. Ainda que não fosse meu. Mas fiquei irredutível. Não podia suportá-los mais nem por um momento. Pensando bem, eu pequei!

Stephenson Soares Araújo.
24/01/2011.

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