quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Pensando bem, eu pequei! - 3ª Parte.


Eu vivi momentos interessantes durante a minha vida. Vivi como serva. Aprendi que jamais deveria discutir ou questionar as atitudes, as intenções, os propósitos, as decisões, os atos, a conduta do meu senhor e da minha senhora. Mais do que minha função, a minha vida, que não era minha, só tinha sentido servindo. Nasci para servir! Jamais pensara que um dia seria exigido que eu entregasse o meu corpo para o meu senhor para que, através de mim, a minha senhora pudesse formar uma família para si. Pois a minha senhora pensou e agiu assim. Ela me entregou ao seu marido. Ele me possuiu! Eu confesso que não sabia o que pensar e muito menos o que fazer; apenas obedeci! Fui possuída! Engravidei! O que era eu? Uma barriga de aluguel? De repente me dei conta do que acontecera de quem eu era de quem estava dentro de mim e do que a minha senhora não era capaz. Não percebi que o orgulho, a vaidade, a soberba, a arrogância subiram à minha cabeça. Desprezei a minha senhora, tratei-a com terrível e mortífero desdém. Fui expulsa, me vi exposta à morte, chorei, encontrei-me com Aquele que me vê e fui aconselhada a humilhar a sujeitar, a voltar para a minha senhora. Ainda bem que fui tratada por Ele. Mas, pensando bem, eu pequei!

Eu sempre gostei das minhas coisas. Sempre valorizei as minhas roupas, os meus vestidos, as minhas jóias, os meus enfeites, as minhas vasilhas, os meus móveis, a minha casa. Eu sempre gostei de tudo o que era meu, afinal de contas, tudo fora me dado por Deus. Meu marido era próspero. Suas posses eram tantas que ele não pudera mais andar com o seu tio, separaram! Eu ficara contente, pois assim poderia ficar mais próxima de tudo o que era meu. De repente, sem me dar conta do que estava acontecendo no local onde fomos morar, recebemos alguns visitantes. Meu marido os colocou para dentro de nossa casa e os moradores do local começaram a nos agredir. Eles instaram com meu marido querendo os visitantes. Meu marido ofereceu-lhes minhas filhas, virgem. Isso me doeu! Mas, talvez não fosse tanto problema para mim. A honra do meu marido e dos visitantes devia ser preservada a todo e qualquer custo. Os visitantes não permitiram acontecer tal desgraça e nos arrastaram pelas mãos colocando-nos fora do local da iniqüidade. Recebemos uma ordem, um alerta: não olhem para trás! Caminhem olhando para frente! Não desviem o olhar para direita e nem para a esquerda! Mas, como deixar tudo o que eu tenho? Como me afastar de tudo o que Deus me deu? Meu coração estava apegado a tudo isso. Afinal de contas era a minha vida, pesava eu. Eu não podia admitir a perda, era muito grande. De repente, eu não cri na instrução recebida, dei evasão aos meus caprichos e, olhei para trás. Vocês todos conhecem a minha história. Vocês sabem o que aconteceu comigo. Vocês sabem que eu fui transformada numa coluna de sal. Talvez, o que vocês não sabem é que: Pensando bem, eu pequei!

Mas veja só o que aconteceu comigo. Éramos muito prósperos, abastados, ricos, de nada tínhamos falta. De repente, ficamos sem nada! Perdemos tudo! Não tínhamos nossa casa ricamente mobilhada e adornada com muito bom gosto. O interessante é que os nossos amigos, os nossos servos e servas também tiveram o mesmo final triste assim como minha mãe e toda a cidade. O conforto, o convívio com os amigos, as noitadas, as baladas, as festanças, tudo acabara num só momento. Morávamos numa caverna, longe de tudo e de todos. Sem esperança, desolados, abatidos, sem nenhuma percepção do que era essa realidade que agora vivíamos e da qual nunca tínhamos experimentado. Vocês não sabem o que é perder tudo, inclusive a dignidade e com isso o sentido da vida. O que fazer? Como suprir a ausência daqueles que poderiam dar continuidade aos costumes do local e da nossa época? Possivelmente as perdas vividas e a fumaça da destruição embaçaram os meus olhos que não viram a mão de Deus agindo de forma tão espantosa, mas com muita segurança para nos livrar do mal. Não conhecia a Deus! Não sabia como e nem conseguia depender de Deus! Bastava eu dar uma ordem e os nossos empregados faziam o que eu queria. Foi com essa atitude, de fazer o que sempre achei ser o melhor que dei uma ordem para a minha irmã. Embebedamos o nosso pai, tivemos relação sexual com ele, era por um motivo de honra, deixar uma herança, uma linhagem, para que o nome de nosso pai não desaparecesse da terra. Engravidamos! Geramos filhos, eu e minha irmã! Filhos de nosso próprio pai! Isso que fizemos teria sido uma honra? Honramos mesmo ao nosso pai? Porventura a honra vem antes da humildade ou é a humildade que vem antes a honra? No momento das reflexões e das decisões de trabalhar para não perder mais, pois a perda é sempre muito dolorosa, eu não pensei sobre isso! Desonrei a mim, a minha irmã e ao meu pai! Vocês todos sabem o que eu fiz! Isso está servindo de lição para todas as gerações e para todas as famílias da face da terra. Pensando bem, eu pequei!

Stephenson Soares Araújo.
09/02/2011.

Um comentário:

  1. Caríssimo Mestre,
    Finalmente voce está disponibilizando seu potencial na rede mundial. agradecemos.
    Deus te abençoe e a irmã Leila

    cleydemir

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