O DEUS ETERNO CHAMOU!
“Abrão tinha setenta e cinco anos quando
partiu de Harã, como o Deus Eterno havia ordenado. ”[1]
Estamos
vendo um home já avançado na idade, com uma boa bagagem de observações e
experiências vividas, mudando de um lugar para o outro, para um lugar que nem
nós e muito menos ele conhecia e nem sabia onde ficava. O que será que estava
acontecendo? O que pode fazer um homem de setenta e cinco anos levantar a
barraca e partir? Vejamos:
“Certo dia o Deus Eterno disse a Abrão: -
Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai e vá para uma
terra que Eu lhe mostrarei. Os seus descendentes vão formar uma grande nação.
Eu abençoarei você, e o seu nome será famoso, e você será uma benção para os
outros. Abençoarei os que o abençoarem e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem. E
por meio de você todos os povos do mundo serão abençoados. ”[2]
Ora
pois, o Deus Eterno chamou um homem, e o removeu do seu lugar com a idade de
setenta e cinco anos simplesmente para usá-lo como instrumento de sua bênção
com o objetivo final de que todos os povos da terra fossem abençoados por Deus.
Uma questão surge agora e, nela pretendemos trabalhar mais tarde: Que tipo de
bênção Deus tinha reservado para todos os povos? Qual era a bênção? Mas, existe
um fato revelado no relato acima para o qual devemos atentar nesse
desdobramento da revelação que Deus faz de si mesmo: o Deus Eterno quer e vai
levar a sua bênção para todos os povos, para todas as famílias da face da
terra.
“Quando o Deus Eterno viu que Moisés estava
chegando mais perto para ver melhor, Ele o chamou do meio da moita e disse:
Moisés! Moisés! Eu estou aqui respondeu Moisés.... Agora venha, e Eu o enviarei
ao rei do Egito para que você tire de lá o meu povo, os israelitas. ”[3]
Eis
aqui outro relato maravilhoso e muito importante, não só para Israel, mas
também, para todos os povos da terra. Deus chamou Moisés para participar na obra
da redenção; para trabalhar em favor da redenção, da libertação do homem
oprimido, escravizado pelas forças da maldade, da violência, da opulência, da
injustiça, da desonra, consequentes da determinada vida de pecado tanto de
Israel como de todos os povos da face da terra.
Dietrich
Bonhoeffer falou sobre quatro mandatos ou instituições na tarefa de Deus
delegadas ao homem para o seu serviço: de trabalho, de casamento, de governo e
de Igreja.[4]
Abraham Kuyper resumiu estes quatro mandamentos a dois: o cultural e o
redentor. O mandamento cultural chama toda a humanidade a participar na
ordenança e na administração da criação, isto é, na obra da civilização e da
cultura. O mandamento redentor, que começa a surgir a partir de Gênesis 12 e
que se torna explícito com a vinda de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo,
chama o povo redimido de Deus a participar com Ele na missão da redenção.
“Quando Jesus andava pela beira do lago da Galileia
viu dois irmãos que eram pescadores: Simão, também chamado Pedro e André. Eles
estavam pescando no lago, com redes. Jesus
disse: Venham comigo que Eu ensinarei vocês a pescar gente. Então eles logo
largaram as redes e foram com Jesus. Um pouco mais adiante Ele viu outros dois
irmãos, Tiago e João, filhos de Zebedeu. Eles estavam no barco com o pai e
consertavam as redes. Jesus os chamou,
e eles, no mesmo instante, deixaram o pai e o barco e O seguiram. ”[5]
Ainda
hoje o Deus Eterno continua chamando homens e mulheres para uma obra
específica. Posso dizer que este chamado inclui dois aspectos básicos: Venham
comigo e aprendam comigo! O outro é: vá pescar homens, vá libertar o povo, vá
abençoar o povo! Porém, primeiro é preciso vir ao Deus Eterno: é Ele quem tem a
bênção, faz a obra, ensina o que é para ser feito, como deve ser feito, o
quanto, onde e quando deve ser feito. Somente depois de aprender com o Deus
Eterno é que se pode ir! Somente depois de capacitado para ir onde Ele quer é
que o homem conseguirá fazer o que Ele quer, como e quando Ele quer. Sair sem
observar esses dois aspectos é prepotência!
Carriker[6]
afirma que a falta de compreensão da importância e da relação entre o mandato
cultural e o mandato redentor tem provocado grandes desequilíbrios na
formulação da missão da Igreja.
“Certo dia o Deus Eterno disse a Jonas filho
de Amitai: Apronte-se e vá à grande cidade de Nínive... “[7]
O
Deus Eterno Resolveu chamar Jonas, um “eleito”, não por seus próprios méritos e
nem somente para a sua própria bênção ou para o seu próprio gozo, senão pela
exclusiva vontade, dignidade, soberania, autoridade, governo, poder, domínio e
misericórdia de Deus para abençoar outro povo; não o seu próprio povo; mas
outro povo, que, e acima de tudo, era seu inimigo mortal; um exemplo claro,
vívido de missão transcultural.
Jonas
recebeu do Deus Eterno uma tarefa específica, muito clara: “Apronte-se, vá à
grande cidade de Nínive... “