O Deus Eterno Viu!
O texto relatado em Gênesis capítulo seis nos traz uma revelação relevante: Deus viu! Afinal de contas “foi Ele quem fez os nossos olhos será que não pode ver? [1]” Como poucos atentam para esse fato carece-nos de perguntar: o que foi que o Deus Eterno viu? E, porque eu não estou vendo? Atentemos para o texto de Gênesis:
“Quando o Deus Eterno viu que as pessoas eram muito más e que sempre
estavam pensando em fazer coisas erradas, ficou muito triste por haver feito os
seres humanos. O Eterno ficou tão triste e com o coração pesado... Noé era um
homem direito e sempre obedecia a Deus. Entre os homens do seu tempo, Noé vivia
em comunhão com Deus. Para Deus todas as
pessoas eram más, e havia violência por toda parte. Deus olhou para o mundo e
viu que estava cheio de pecado, pois todas as pessoas só faziam cosas más.[2]
”
A maldade se desenvolvia numa
velocidade crescente; a iniquidade aumentava a cada instante; o amor caiu não
só no conceito como também no valor! A declaração de nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo na revelação que faz aos seus discípulos sobre a progressão do mal
diz que: “A maldade vai se espalhar de
tal maneira, que o amor de muitos esfriará...[3]”
Para Finney: “O amor
consiste na escolha do mais alto, do mais elevado bem para Deus, para o homem,
para o universo todo, como uma finalidade em si, devido ao seu valor
intrínseco, em um espírito ou atitude de total consagração a este, como o
objetivo final da existência.[4]
”
O contraste percebido logo depois de um
tempo da criação revela quão grande é a distância entre as condições presentes
no momento da visão: no início viu Deus tudo o que havia sido feito e eis que
tudo era bom! Agora, viu Deus a maldade progredindo! Logo após a criação do
homem o Deus Eterno lhe dá as instruções de vida e lhe delega a tarefa de
administrar a obra da criação, o que deveria ser feito debaixo da direção de
Deus segundo seus princípios normativos. Era preciso “administrar tudo que Deus criou, conforme a vontade de Deus, para a
glória de Deus e, para o bem de todos.[5]”
Isso é amor! Amor a Deus, à Palavra de Deus, à obra de Deus e ao povo de Deus!
No entanto, o Deus Eterno viu o crescimento da violência,
da maldade; a visão da progressão do mal lhe pesou o coração que entristeceu:
ver o homem distanciado do seu objetivo, da sua missão doía muito. O homem não
mais buscava o melhor para o Deus Eterno, para o homem e para o universo todo.
O Deus Eterno viu o homem...
Carriker diz assim: “Gn
1.27 esclarece quanto aos sujeitos da imagem de Deus no homem; Gn 1.28
esclarece quanto ao conteúdo da função dada ao homem de “dominar” a criação.
Elabora a imagem de Deus no homem em três áreas de responsabilidade e
administração: a sua experiência social e familiar (“multiplicar”, “encher”, “dar
nome”.); a responsabilidade econômica e ecológica (“sujeitar”, cultivar”, “guardar”.);
e o governo (“dominar”, “dar nome”.). Estes mandamentos – Gn 1.28; 2.15, 18-25 –
marcam o início de uma série de obrigações: o mandato para a família e a
comunidade, a lei e a ordem, a cultura e a civilização que se alarga e se
aprofunda ao longo do desdobramento da revelação divina. Deste modo Deus chama
a humanidade para o papel de vice regente sobre o mundo; todos devem participar
responsavelmente nesta tarefa. ”[6]
Pode-se afirmar que a queda na maldade e violência é
consequência do fato de o homem não prestar atenção no que o Deus Eterno
estabeleceu para ele.[7]
Tudo ficou errado! A destruição da obra criada e do próprio homem se manifestou
de forma exacerbada! As Escrituras Sagradas nos revelam o que se pode ver: o sofrimento,
a aflição, a angústia, o desespero, a decepção, a frustração, a desonra;
aflitos, agoniados e desamparados: esta é a situação do homem; isso é o que o
Deus Eterno viu! Isso eu, o missionário e a Igreja precisamos ver! Em um outro
relato a Bíblia Sagrada nos declara:
“Então o Deus Eterno
disse: Eu tenho visto como o meu povo está sendo maltratado no Egito; tenho
ouvido o seu pedido de socorro por causa dos seus feitores. Sei o que estão sofrendo.
”[8]
O Deus Eterno sabe que o homem está sofrendo, sabe o que é
o sofrimento e porque ele sofre. No entanto, Ele não fica só no ver! Ele viu a
grande cidade de Nínive que na ocasião da revelação a Jonas estava dominada
pela maldade e violência. A iniquidade crescera até chegar aos ouvidos de Deus.
Ora pois: “Foi o Deus Eterno quem fez os
nossos ouvidos, será que não pode ouvir? ”[9]
“A grande cidade de
Nínive era a capital do grande império da Assíria, nação inimiga mortal do povo
de Deus. Esta ousada e poderosa raça era um rebento do velho Império
Babilônico. O fim da política da Assíria era destruir a unidade racial dos
povos conquistados. O Israel do Norte perdeu todo o seu sentido político e
religioso tornando-se simplesmente uma colônia do grande império Assírio. Na
breve história do Israel do Norte ficou demonstrada a grande verdade de que a
prosperidade, a oportunidade e cultura não desenvolvem necessariamente um caráter
nacional. Por outro lado, por meio de seus profetas, o Deus Eterno deu ao mundo
certas verdades a respeito da justiça de Iahweh e do Seu amor que se tornaram
pedras angulares da fé entre a humanidade. A
destruição do Israel do Norte por parte da Assíria foi a grande lição que o
Deus Eterno deu ao mundo. Enquanto o povo se mantém fiel há prosperidade e paz;
quando o povo se esquece do Deus Eterno tudo desaparece! Esta tem sido a lição
que a maioria dos povos não tem querido aprender. ”[10]
O Deus Eterno viu a grande Nínive, a capital do grande
Império da Assíria que Ele mesmo usara como instrumento de disciplina para o
povo que era d’Ele. Nínive estava dominada pela imoralidade, violência,
injustiça social, idolatria, promiscuidade sexual, orgia, glutonaria, luxúria,
bebedeira, ociosidade e opulência. Nínive estava dominada pela maldade. “ ... A maldade daquela gente chegou aos
meus ouvidos. ”[11]
[1]
- Veja em Sl 94.9. TLH.
[2]
- Gn 6.5-11. TLH. O destaque é nosso.
[3]
- Mt 24.14. TLH.
[4]
- Finney, 1846.
[5]
- Mandato Cultural. José Martins, 1990.
[6]
- Carriker, 1990.
[7]
- Veja Gn 3.1-19.
[8]
- Veja Êx 3.7. TLH.
[9]
- Veja Sl 94.9. TLH.
[10]
- Mesquita, 1954. O grifo é nosso.
[11]
- Veja Jn 1.2.
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