sábado, 22 de janeiro de 2011

Pensando bem, eu pequei! 1ª parte.


Não prestei atenção à instrução recebida. Estava despercebido. Iludi-me facilmente. Meus olhos quase saltaram das órbitas. Fiquei fascinado pelo belo, era agradável aos olhos, o estético me encantou, chamou-me o prazer, a vontade da saciedade e finalmente a curiosidade do poder, do conhecer, do diferenciar, do decidir, do julgar me venceu. Vencido, entendi-me sabedor do bem e do mal e com a plena capacidade de escolher entre eles. Que bela escolha eu fiz; escolhi-me! Preteri-me da instrução! Pensando bem, eu pequei!

Não atentei para o ensino do meu mestre, do meu criador, d’aquele que me ama e decidi traçar ao meu modo, segundo os paradigmas socioculturais por nós desenvolvidos, o esboço da trajetória a seguir. O caminho planejado para a construção parecia de glória, de honra. Mas, interessante foi perceber que ele me levou a afastar, a esconder-me de mim mesmo e d’aquele que me chamou. Foi duro perceber que o caminho que eu entendi me levaria à plenitude de vida levou-me à morte antes anunciada. Pensando bem, eu pequei!

Eu não tive coragem de encarar os fatos quando fui inquirido sobre o que eu fizera. Preferi, pois assim entendi ser mais fácil, esconder-me atrás das exuberantes folhagens, do outro, aquela de quem eu falara que era minha parte. Pareceu-me muito fácil, esconder! Foi mais fácil dizer: foi ela! Ao falar assim, em verdade, eu disse: eu não vos pedi! Fostes vós quem ma destes! Dizendo isso feri frontalmente ao sábio criador insinuando que Ele não sabia o que havia me dado, que Ele não era bom instrutor. Pensando bem, eu pequei!

Fui expulso! Construí casa, família, plantei, colhi, fiquei abastado, cresci no conhecimento, na fama. Vi-me sozinho, vagando aqui e ali! Tomado pelo medo, envolvido na vergonha, odiei a tudo e a todos! Desenvolvi diferentes rituais por onde passei; cada um mais exuberante que o outro, participei de cultos dessa e daquela forma. Tornei-me religioso, mas havia sido expulso! Não fui aceito! Não podia sê-lo! O ódio, a ira, a inveja, o egoísmo imperavam dentro de mim! Realidades que eram para eu dominar me dominaram. Novamente fui inquirido! Meus olhos não me enxergam, somente ao outro! O outro passou a me incomodar, ele se tornou o meu problema e entendi que era melhor, mais cômodo, acabar com ele. Matei-o! Pensando bem, eu pequei!

Imagina só! Eu fui separado por Deus! No meio de toda a população mundial, quando a iniqüidade se desenvolveu a tal monta que não houve outro remédio a não ser acabar com os humanos, Deus separou a mim, a minha mulher, a meus filhos e suas mulheres. Junto conosco Ele separou também casais de todas as aves, animais, répteis para conservar com vida. Um pouco de tempo passou, eu e minha família morávamos sozinhas em toda a terra. Plantei vinha! Bebi! Embriaguei-me! Fiquei nu! Expus-me ao ridículo! Um dos meus filhos não conseguiu ser fiel diante do meu estado. Amaldiçoei-o! Pensando bem, eu pequei!

Stephenson Soares Araújo.
15/01/2011.

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