sábado, 30 de maio de 2015

7 - A MANIPULAÇÃO NO PROCESSO DA EVANGELIZAÇÃO.

              O texto a seguir está contido no primeiro livro que escrevi e publiquei pela editora da Convenção Batista Nacional - LERBAN. O livro já está na sua segunda edição.
              Convém dar uma lida no livro citado para entender como é séria a realidade da manipulação no processo da evangelização e quais os pontos precisam ser observados para a orientação do processo de reflexão sobre essa prática tão degradante que está, como erva daninha, enraizando-se dentro da igreja local.
           Podemos conceituar a manipulação como sendo todo e qualquer processo na relação social, através do qual um ator ou uma unidade operação, em um determinado tempo e contexto específico, exerce o poder, de forma não legitimada, arbitrária, não para estabilizar a sociedade diante das pressões, para evitar a desordem e o caos, senão para garantir algum status de seu interesse.
            Os evangelistas de hoje são conclamados a pensar em algumas proposições sérias a respeito desta manipulação tão desavergonhadamente utilizada nestes dias. Ei-las:
7.1 - Considerar a realidade da autoridade e do exercício do poder na evangelização;
7.2 - Considerar as fontes e as formas de energia existentes dentro das estruturas de poder social que geram e gerenciam o fenômeno da manipulação, no exercício do poder, na relação “evangelização/autoridade”;
7.3 - Considerar que a evangelização é um processo de vida e não apenas a aplicação de um método ou de uma técnica;
7.4 - O Novo Testamento nos mostra a possibilidade, a existência e as consequências da manipulação tanto de homens, quanto de dados, recursos técnicos e forças espirituais no processo da evangelização, por parte dos homens;[1]
7.5 - A história da expansão de Igreja nos mostra uma infinidade destes casos;
7.6 - Esta manipulação é consequência de mal entendimento da ordem de Deus, cuja consequência é a distorção do caminho no qual o homem irá andar, que será bem diferente daquele para o qual Deus está chamando este homem;
7.7 - O Novo Testamento orienta a Igreja a trabalhar na evangelização sem manipulação;[2]
7.8 - O sincretismo religioso existente dentro da igreja brasileira é consequência deste  fato;
7.9 - Esta manipulação é fator gerador e gerenciador de religiosidade popular. Isto porque leva o homem a fazer de tudo - o uso da magia, por exemplo - para garantir sua autoridade sobre tudo e sobre todos;
7.10 - A religiosidade popular compõe-se pontos positivos e pontos negativos importantes que devem ser considerados com honestidade e seriedade e, que possuem grande poder de influência no processo da evangelização;
7.11 - A manipulação no processo da evangelização nunca permite gerar servos de Jesus Cristo sadios, responsáveis e reprodutores e, como consequência, não serão criadas congregações responsáveis e reprodutoras;
7.12 - A missiologia brasileira precisa considerar com honestidade, seriedade e com urgência o fenômeno da manipulação existente dentro da igreja brasileiro, não apenas para depreciá-lo, criticá-lo e menosprezá-lo, senão para catalogá-lo, analisá-lo e até mesmo avaliá-lo, a fim de propor diretrizes traçadas por princípios seguros,[3] para uma evangelização eficaz, evitando este fenômeno;
7.13 - A igreja brasileira precisa honesta, séria e urgentemente considerar sua pragmática, avaliar sua atuação missionária à luz da Palavra de Deus, para eliminar de dentro de si todo e qualquer modus operandi que manipula tanto homens quanto dados, recursos técnicos e forças espirituais no processo da evangelização;
7.14 - A manipulação faz o indivíduo mudar de agrupamento social sem permitir mudança na sua vida interior. Não há transformação para melhor, no seu caráter;
7.15 - A manipulação induz o homem a ser legalista pois o faz viver em desconsideração ao conhecimento de Deus; com isso ele estabelece a sua própria justiça e não se submete à justiça estabelecida por Deus;
7.16 - A manipulação não permite ver a linha divisória entre a obediência e o legalismo;
7.17 - A manipulação induz o homem a desenvolver um processo de barganha com Deus;
7.18 - A manipulação produz o descalabro da vida medida pelo ter e não pelo ser;
7.19 - A manipulação induz à manifestação da ira de Deus;
7.20 - A manipulação promove a criação e o desenvolvimento da idolatria - de imagens, do corpo, do materialismo, do mercantilismo, do consumismo e do poder;
7.21 - A manipulação aumenta o dilema entre a fé e as obras e não permite ao homem viver as realidades da eleição e da aliança que o próprio Deus faz com ele;
7.22 - A manipulação leva o homem à tentativa de submeter o Deus todo-poderoso a condições externas a Ele;
7.23 - A manipulação cega o homem. Este só si vê envolvido por crise e nunca consegue visualizar o Deus todo-poderoso que o guarda de maneira viva.
7.24 - A manipulação leva o homem a explorar o outro em nome de Deus;
7.25 - A manipulação pode fazer uma lavagem cerebral no outro mas nunca deixar que o Evangelho trabalhe o seu caráter para conformá-lo à imagem de Cristo mesmo.




 [1]- Veja os casos de Ananias e Safira em At 5.1-11, o caso de Simão o mágico em At 8.9-24, e o caso dos judeus, procurando estabelecer a sua própria justiça sem se submeter à justiça de Deus, em Rm 10.
 [2]- Veja Mc 9.33-37; Mt 18.1-5; Lc 9.46-48. Ver também Mc 10.35-45 e Mt 20.20-28.
 [3]- Estes princípios não podem ser outros a não ser os bíblicos, apurados por uma hermenêutica e exegese rigorosa, crítica, que conduz o obreiro a sistematizá-los conforme sejam normativos ou circunstanciais, que não permita a torção das Escrituras, impedindo-o de se apossar dos princípios cujos fatores sejam circunstanciais para fazer deles princípios normativos segundo o bel querer do homem.

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