quinta-feira, 31 de março de 2011

A Igreja


A Igreja é a instituição do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. É a Ekklesía[1] e a Koinonia, é a reunião e a comunhão dos remidos do Senhor com o Seu Senhor e de uns com os outros. A Ekklesía é a assembléia dos munícipes para tratar dos assuntos, do governo, da polis. Nesta simbologia maravilhosa os remidos do Senhor são separados, retirados do governo deste da carne, deste mundo tenebroso, da morte, das trevas, do inferno e vivem na Koinonía, na comunhão, debaixo da autoridade, da dignidade, do domínio, do governo, do poder e da soberania de Deus,
Ela cresce normalmente, de forma espontânea, sob a ação do Espírito Santo que a capacita com dons para que todos sejam tratados, sarados e edificados..
Quando voltamos os nosso olhos para o ensino do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo entendemos que a Igreja, o Seu Corpo, é o sujeito executivo da missão que Deus deixou aqui na terra. O texto bíblico nos faz pensar na Igreja Universal e na igreja local.[2]

3.2.2.1 - Quanto à Igreja Universal  
> Germina. [3]
> Recebe treinamento.[4]
> Recebe a ordem ou comissão.[5]                                                             
> Recebe a promessa.[6]
> Recebe a capacitação. [7]                              
> O Senhor está sempre no meio dela.[8]
> Será arrebatada.[9]

3.2.2.2 - Quanto à igreja Local > Voltemos os nossos olhos para Mt 18.15-20 e At 13.1-4.
            É preciso não perder de vista o conceito dinâmico de Igreja; encontrar e entender e viver o conceito de Igreja, da perspectiva do Reino de Deus (autoridade, dignidade, domínio, governo, poder e soberania de Deus). De acordo com os ensinos do Novo Testamento pode-se conceituar Igreja como sendo: o organismo criado e estabelecido por Deus para tratamento do eu e do outro doentes, enfermos, a fim de que e até que sejam aperfeiçoados segundo a imagem de Cristo mesmo.[10] Assim será possível perceber como este conceito é diferente do conceito de uma comunidade pois o Reino de Deus é dinâmico. Não é questão de limite geográfico, estático.

            Hoje sabe-se que não existe uma comunidade, no sentido original da palavra, onde todos fazem e buscam o que é comum para todos, afim de todos poderem usufruir do mesmo bem comum. Os diversos interesses manifestados no grupo social dos crentes têm desvirtuado o real sentido de comunidade. Além disso, é preciso tomar cuidado com a institucionalização da igreja tentando dar-lhe uma estrutura que seja bíblica. De fato a Igreja é uma instituição do Senhor Jesus Cristo. Mas quando o homem, na igreja local lhe dá uma estrutura que não tem nada a haver com o Reino de Deus, ela sofre muito. A história tem demonstrado que muitas destas estruturas têm engessado a igreja local impedindo-a de realizar a missão que ela recebeu do Senhor Jesus Cristo.
            Desta forma, quando pensamos em um projeto de crescimento da Igreja devemos definir ou estabelecer a diferença entre forma e sentido/significado, estrutura e princípios. Entendemos pela leitura do Novo Testamento que o princípio é dinâmico; a estrutura não! O nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo deixou princípios muito claros pelos quais a Igreja deve se nortear. No entanto, Ele não demonstra estar preocupado com a forma ou estrutura.
            Além disso, devemos não nos esquecer que a igreja é a  Ekklesía,[11] onde se desenvolve a koinonía entre Deus/homem e homem/homem, ainda que os interesses que motivam os homens sejam diversos. Ela foi instituída pelo próprio Senhor Jesus Cristo, que a edifica e capacita.[12]
            Veja que o Senhor Jesus Cristo tem um compromisso direto com a Igreja que é d'Ele mesmo e, é para esta Igreja que Ele dá a comissão da missão, cujo sentido básico diz respeito apenas a refletir a dignidade, a santidade, a sabedoria e a proteção de Deus, para todas as famílias da terra, que hoje nós chamamos de missão integral,[13] garantindo estar com ela todos os dias até à consumação do século;[14] e é à esta Igreja que Ele chama a atenção para  ouvir o que o  Espírito  Santo  diz.[15]
            Ao ouvir e atender ao chamamento do Espírito Santo a Igreja descobre os dons que existem dentro dela e deixa de correr o risco de cair na síndrome de Marcos seis: a síndrome da incredulidade.[16] Os parentes de Jesus Cristo não criam que Ele era o salvador, o messias. Muitos membros da Igreja não crêm que Deus pode usar todos os membros no sacerdócio de Deus.

            Somos Igreja! Mas, que tipo de igreja somos? Que tipo de igreja queremos ser? Como eu posso cooperar para que a igreja seja aquela que queremos? Quantos e quais dons espirituais eu recebi de Deus? Quantos dons naturais Deus me deu? Estou empregando os dons que Deus me deu na obra do Senhor? Como posso empregar os dons naturais que Deus me deu na obra do Senhor? Como posso empregar os dons espirituais que Deus me deu na obra do Senhor?
            A igreja que vive segundo a orientação e capacitação do Espírito Santo sabe perfeitamente que a missão não é primariamente sua e muito menos um modismo. Ela não cairá na onda que diz: agora está em moda falar de missões, e nem ficará num desvairado frenesi a querer desenvolver e executar uma técnica aqui, outra ali, outra além. Ela sabe que a missão é antes de tudo obra do Espírito Santo e que é para todo o tempo.

           A igreja que não aprendeu e que não vive os princípios do Evangelho de Cristo Jesus o nosso Senhor e Salvador não conhece a sua missão. Sem a Palavra de Deus, sem a visão de Deus, sem a revelação de Deus ela vai cair na improvisação, no laissez-faire onde cada um faz o que bem entende e o que quer com interesse no externo, no material e nos rebolados desenvolvidos de acordo com os princípios e o governo deste mundo tenebroso, sem nenhuma perspectiva e expectativa quanto ao seu ministério.[17] Se não tem expectativas não tem objetivos definidos.

           A Igreja se propaga e se planta no meio dos vários povos de maneira espontânea. Ninguém exerce um controle sobre esta propagação e plantação. Sem deixar de mencionar o trabalho maravilhoso dos pastores, dos obreiros, dos missionários, é evidente que a maioria dos crentes, gente de vida simples e humilde mas de caráter firme e sadio e uma qualidade de vida cristã inabalável anunciam sua fé em Cristo em qualquer circunstância, em qualquer lugar, estejam em liberdade ou em perseguição, em luta ou na tranqüilidade, em escassez ou em abundância de bens materiais. Assim eram as igrejas do Novo Testamento e do princípio da era cristã até o ano 300.
           
Donald McGavran diz o seguinte:
           
“Se hoje queremos um crescimento de igrejas como o do Novo Testamento, florescendo no clima do Novo Testamento, nós também devemos ser homens do Novo Testamento. Realmente podemos nos sentir em casa, na atmosfera da igreja do Novo Testamento, com milagres acontecendo entre nós, nossos diáconos e líderes sendo mártires e nossos membros correndo para fora da cidade?”

            A igreja existe como testemunha de Jesus Cristo no meio da sociedade. Ela tem que viver e demonstrar diariamente as implicações de Mt 5, 6 e 7. Das lições que aprendemos sobre a Igreja em Atos dos Apóstolos, enumeramos as seguintes:
            - a igreja desfrutava do favor do povo;
            - ela evangelizava, ganhava almas;
            - ela cuidava dos pobres e necessitados;
            - ela tinha uma liderança forte;
            - ela vivia no temor do Senhor;
            - ela era unida na oração e no partir do pão;
            - nela havia poder visto por sinais e milagres;
            - nela havia alegria no meio da adversidade;
            - ela tinha vontade de resolver seus problemas sob a direção do
               Espírito Santo;
            - Ela era guiada pelas Escrituras;
Hesselgrave diz que: “A Igreja é ordenada por Deus para conservar e transmitir a Sua verdade.”[18]

            Se hoje as circunstância desta propagação e plantação nos exigem uma estrutura para a igreja, vamos fazê-la para conduzi-la à maturidade dentro da flexibilidade que permite o livre trânsito e operação do Espírito Santo, a participação espontânea do crente, sempre valorizando mais as pessoas, que precisam crescer, para quem a estrutura foi montada, do que a própria estrutura. Não se esquecendo que a vida espiritual vem antes do crescimento espiritual. No entanto, não se pode perder de vista que para ter vida espiritual é preciso nascer de novo: novo nascimento vem antes de vida espiritual.
            Como formar uma organização básica que poderá fornecer a orientação e a cooperação para estender as fronteiras da Igreja, definindo objetivos gerais e específicos, estrutura e funcionamento?

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Apenas começamos a esboçar algumas linhas gerais de pensamento sobre a Igreja. O assunto não está concluído. Há muito o que aprender; há muito que viver. Continuaremos, numa outra oportunidade.
Deus nos abençoe!

Stephenson Soares Araújo.
07/09/1993.



 [1]- Veja Mt 16.18.
 [2]- Usamos o termo Igreja com “I” como o encontramos no Novo Testamento, designando o corpo de Jesus Cristo, a reunião dos remidos do Senhor de modo universal; e o termo igreja local com “i” designando os vários seguimentos denominacionais existentes por este vasto mundo. Veja Mt 16.18; 18.17.
 [3]- Veja Mt 16.18.
 [4]- Todos os quatro evangelhos nos ensinam que a Igreja foi treinada pelo próprio Senhor Jesus Cristo. Mas veja Mt 10.
 [5]- Conforme Mt 28.18-20; Mc 16.15 e Lc 24.44-49.
 [6]- Em Mt 28.20 ocorre o início da promessa da capacitação advinda da realidade da presença de Jesus mesmo com seus discípulos até os fins do tempo ou seja até o fim do século. Mas em Lc 24.49 bem como em Jo 16.12-15 a promessa é reiterada trazendo à memória aquela feita pelo Pai, lá em Isaías (Is 44), Ezequiel (Ez 36) e em Joel (Jl 2.28-32), assim como ela é reforçada em At 1.8.
[7]- A narrativa do cumprimento desta capacitação como descrita em At 2.4 nos impressiona por ver o Espírito Santo fazer o reverso de Babel. Lá ninguém entendia ninguém! Aqui os discípulos falavam em outras línguas, em línguas que eles não entendiam, não tinham estudado, mas os povos estavam entendendo o que se falava!... Encontramos  o mínimo de  16 (18) nações, povos, ouvindo a mensagem de Deus, em suas próprias línguas:  At 2.9 = 8 línguas, At 2.10 = 6 (8) línguas, At 2.11 = 2 línguas.
[8]- Veja Mt 28.20; Ap 1.12-2.1.
[9]- Conforme I Ts 4.13-18; II Ts 2.1-12.
  [10] - Veja a beleza deste ensinamento em Ef 4.7-16 e Cl 3.12-17.
[11]- A palavra Ekklesía aparece 115 vezes no Novo Testamento. 2 vezes nos evangelhos: só em Mt 16.18 e 18.17. 24 vezes em Atos; 6 vezes em Hb, Tg e Jo; 20 vezes em Apocalipse. Seu maior uso é nas cartas de Paulo.
 [12]- Veja  Mt 16.18-19; Ef 4.13.
 [13]- No desenvolvimento da missão integral a Igreja toda trabalha junto com Deus, conforme Sua orientação, segundo a visão integral que Deus tem do homem, para suprir todas as suas necessidades. Na missão integral não se dicotomiza ou tricotomiza o homem.A Igreja se reune para orar (At 2.42; 4.24, 31; 12.5), para levar a Palavra de Deus (At 2.42; 15.21,30-31), para o partir do pão (At 2.42; 20.7), para ouvir a pregação (At 20.7), para aprender a doutrina (At 2.42), para a adoração (At 2.47) e para enviar os apóstolos (missionários) (At 13.1-4).
 [14]- Conforme, Mt 28.18-20.
[15]- Veja Ap 2.7,11,17,29; 3.6,13,22.
 [16] - Veja Mc 6.1-6.
[17] - Veja Pv 29.18. 
[18] - Veja I Pe 2.9.

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